terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ai, que medo dá, entrar na água e perder toda a cor.
Que medo dá, dormir a tarde toda e se esquecer de acordar.
Olha esse medo, esse medo que dá, de assisir novela e chorar sem parar.
Ai que medo que me dá, de te dizer tchau, se for esse amor,
e nunca mais voltar.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Praia...;

Saio a noite e busco nos olhares seus olhos, busco seu corpo em meus sonhos, e o sorriso que ilumina meus dias, eu encontro na lua que corta o céu com seu brilho.
Aquele sentimento que pulsa em meu peito, bate cada vez mais quando penso que não te tenho aqui do lado.
A noite é minha companheira e sabe de meus medos. Traz as estrelas e a lua pra me acompanhar na solidão.
O romantismo vem acompanhado de um chocolate quente e um cigarro.
As pessoas lá foram saem em busca de uma solidão exaustiva, de uma solidão regada a mentiras e futilidades.
as pessoas lá fora dançam, cantam, beijam, usam, des-usam, não amam.
E então, durmo sem sua presença em um colchão frio, sem seu abraço.
A noite me toma por inteira sem sua presença, mesmo sabendo que amanhã o dia começa com você.
E assim, o sol me traz sua presença física. Me aquece, me ilumina, me dá energia para continuar.
É aquele nosso novo começo, novamente. Seus beijos em meu corpo, o calor percorrendo nossos corpos,
a manhã nos arrastando para o mar. Enquanto as ondas dançam com nossos corpos, no vai e vém de nossos dias, nos embalando para esperar a chuva que irá limpar nossos corações, nos purificar.
A chuva que molhará nossa despedida. Que irá varrer o céu e deixar as estrelas surgirem, as estrelas da solidão e da saudade. As estrelas do brilho dos seus olhos que acompanham a lua que ilumina seu sorriso.
E meus dias seguem com as estrelas me lembrando sua presença, com a noite escura me lembrando nossos corpos feitos um só, com a lua lembrando seu sorriso de criança sapeca e puro. Meus dias seguem com a chuva anunciando nossas despedidas regadas a beijos molhados e corpos que não se separam.
Os dias seguem com o mar me lembrando nossa dança, nossos passos, o caminho na areia e as conchas que presenciam nosso amor, e em cada uma dessas conchas e pérolas, um plano no futuro.
Os dias seguem com o sol me aquecendo, me abraçando, me amando, dando vida. Com o sol sendo você,
presente em mim, no meu corpo aquecido, mesmo na mais fria de todas as noites.
Os dias seguem sem você, mas vou seguindo sem te deixar um momento.
E já me cansei de sair pelas ruas procurando algo que seja eterno, pois sei que se, aceitar ser meu sol, minha lua, minhas estrelas, o mar e tudo que há de belo e sincero na natureza, não serás passageiro esse amor.
Será eterno, assim como o universo, as estrelas, o mar, a areia, a lua, o sol... você, nosso amor.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Acredite...

É colorido como cada conta em meu colar. As coisas tornam-se coloridas com o seu toque, seu riso me ilumina, seu olhar me fascina. A cara de garoto malvado, não consegue esconder o coração gigantesco que existe dentro dele. De braços cruzados e pose de valente, o que há dentro daquele corpo e mente, eu sei que é amor e muito mais. Cada piada inventada, cada olhar que me deixa sem graça, cada palavra sincera. Todas as coisas indescritíveis que consigo sentir apenas aqui dentro de mim, que me enchem de vida, me enchem de brilho nos olhos, me enchem de saudades em segundos após a partida.
As ligações não realizadas que me tiram o sono de preocupação, e a leveza da tranquilidade de saber que ele continuará ao meu lado. O coração pulsante quando me liga sem esperar, pergunta como estou, diz que me curte. Se é pra mudar de time, vamos lá! Se é para ir atrás de dele, eu vou lá! Se quiser acreditar em mim, vem cá...
Eu te mostro. Eu provo. Eu sinto. Eu curto.
Você me curte... e eu amo!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Denominações.

A falta é normal e necessária. Mas ninguém sentia a 'falta' da loucura que ela expressava. Era loucura querer ser diferente das irmãs? Sair andando e não voltar? Fazer poesia com objetos? Isso é loucura?
Loucura, dizia ela, era viver em uma casa em que sua figura e representatividade masculina era um homem bêbado que batia na frágil e corajosa figura materna que ali residia. Citava ela figuras, pois após o abandono do "lar", não lhe cabia palavras tão amorosas como pai e mãe.
Amor então, foi o que ela procurou para repor a falta que sentia, culpa daquele sistema falido, denominado pela novela das oito de "família". Amor é o que procurava, e amor era a falta.
De tantos namorados, tão diferentes uns dos outros, aquele era apenas mais um, e que ela sabia que era necessária a falta, e por ser necessária tornava-se normal.
Sorte ou azar, ela lidava racionalmente com o que sentia. E o chamou de goiaba um dia. Mas a goiaba se travestiu de banana, e essa fruta ela não suportou. Imaturidade? Frieza? Loucura?
Loucura com certeza. E loucura, ela citava, é um dia errar, conhecer os abismos da confusão e tristeza, conhecer a maldade nos corações dos homens, e depois de tornar-se lúcida, se conhecer e aprender, e assim, errar de novo, e de novo, e de novo, e de novo... Aquilo era loucura. Nunca mais voltou ao "lar". E nunca mais quis saber do 'banana'.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

violão

- Eu quero aprender a tocar violão!
- Ihhhh, lá vem ela com esse papo de novo, olha lá...
- É sério, dessa vez eu quero muito.
- O que faz ser tão diferente das outras vezes que você tentou?
- É porque eu descobri que se eu virar artista, nem que seja só tocando violão, eu posso encantar as pessoas, posso ser tipo uma fada, que sai por aí jogando mágica pelo mundo. Descobri que posso voar, rir, chorar, e me apaixonar várias e várias vezes se eu for uma artista...
- Ah, que bonitinha, nossa filha já está virando uma mocinha...
- E assim também posso pegar vários "muléque" broto, né não mãe???
(...)

ensinamento

Minha avó me ensinou, que para ser mulher, tem que ser forte. Tem que gostar de se pintar e saber cozinhar. Mulher tem que ser carinhosa e uma boa mãe. Tem que ser responsável, gostar e amar seu marido, mas colocá-lo na linha. Porque, se a mulher é forte e sempre bonita, e uma ótima mãe, não tem porquê o marido deixá-la por outra. Minha avó me ensinou que nas reuniões de família, moça educada não dá sua opinião sobre temas polêmicos, ou não será bem vista pela família. E que esta moça deve sim fazer uma festa gigante quando fizer quinze anos, e depois outra quando se casar. E mesmo a minha vó, que se casou duas vezes, acredita que casamento é para sempre, e mulher sozinha é mulher triste. Minha avó me ensinou tudo isso.
Mas o melhor ensinamento dela foi ter tido minha mãe. Que depois me ensinou que mulher pra ser feliz de verdade não deve depender de ninguém. Que um sorriso sincero é melhor do que qualquer força. Uma verdade e um coração puro de rancor e ódio é melhor do que qualquer beleza mascarada de maquiagem. Que a moça não deve se preocupar com festas de quinze anos, mas com faculdade, amigos, diversão e cultura. Minha mãe enfim, me ensinou que, para ser mulher de verdade não é necessário um homem, apenas ser ela mesma, verdadeira.

salada de frutas;

- Feito suco de goiaba gelado no verão, você entra no meu corpo e o refresca.
- Affe, que comparação estranha...
- Eu gostaria de ser comparada com um suco de goiaba que sacia minha sede.
- Eu gostaria que você fosse mais romântica, é mais bonito dizer 'eu te amo'...
- Eu prefiro suco de goiaba do que dizer 'eu te amo', isso é tão comum...
- Como você é fria! Tchau...
- Eu só sou fria porque você é um suco de goiaba que entrou no meu corpo, e refrescou até demais.
- Não quero mais falar com você...
(...)
- Você não vai falar nada?
- Você disse que não queria falar comigo...
- Essa viagem vai ser "longa"...
- Como eu posso dizer que eu te amo, se nem poesia você entende?
- Suco de goiaba é poesia agora?
- Pra mim é. E quer saber, você não é mais um suco de goiaba pra mim.
- Ah, até que enfim...
- Na verdade, você está mais para suco de banana!

marca-página

- Não risque meu livro, meu querido. Guarde-o consigo e soletre pra mim, as palavras mais doces que encontrar. Não desenhe nele, nem suje. Muito menos o molhe. És meu livro e és parte da minha existência, de minhas poucas memórias. Eu estou escrita nele, assim como ele está em meus pensamentos. Meu livro foi o meu primeiro amor, e assim o será, meu único e verdadeiro amor. -

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

artista

Eu queria ser artista, e pintar os muros da cidade com o meu amor. Iria desenhar as plantas das nossas futuras casas, iria fotografar nossos filhos. Modelar nossos corpos em argila, tocar meus sonetos de amor no seu ouvido. Mas não sou artista. Não sei tocar. Não faço arquitetura.
Só sei escrever e reclamar. Disto você nunca gosta...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Uma ligação...

- O que fazer com essa saudade hein? Será que devo jogá-la fora? Numa lata de lixo qualquer na rua, esperando que algum cachorro venha e a devore, por mim, já que não posso fazê-lo... Ou devo embrulhá-la em um papel de presente tão bonito e azul quanto o céu, e colocá-la em um foguete, enviar para o espaço nesse universo cheio de estrelas, em que possam então, as luzes mais bonitas de todas as constelações, cobrir minha saudade de conforto, amor e luz, somente luz... sem sombras, sem tristezas nem arrependimentos? Devo esconder minha saudade nas minhas preces aos meus antepassados, pedindo para que guardem ela com todo o carinho que um dia já me deram e continuam me dando todas as noites? O que devo fazer com essa saudade que me mata, me sufoca, me enche de dor e de lembranças, mas que também me enche de amor e memória presente? O que devo fazer?

- Que tal uma ligação para o que te faz ter essa saudade imensa? E assim acabar com essa angústia...

- E qual é mesmo, o número da minha infância???

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

bicicleta

Fui de carona com ele. Meu medo de prender o vestido preto na roda, somava-se à liberdade que eu sentia com o vento em meus cabelos. Me colocou na frente, com as pernas viradas para a direita. Deixou um dos meus braços segurando o guidão da bicicleta, e o outro quase que o abraçando por inteiro. Eu sentia seu medo em ser pego somando-se à alegria de sair dali. E dizia-me para não olhar para trás;
E por assim fomos, muito tempo depois de desistirem de nos seguir. Fomos por entre as ruas da cidade, que tornaram-se pequenas para a nossa fuga. Fechei os olhos e entreguei meu destino àquele estranho e desconhecido de camisa xadrez ;
Em meio às minhas divagações, ele me disse:
- Prazer, Beto...
- Ana! (e um sorriso)
- Então, mademoiselle Ana, onde devo parar?
- Não pare! Não quero acordar...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Irritante.

Me irrita profundamente, e não estraga meus prazeres.
Me irrita muito e tanto assim, como chuva em meio a piquenique em dia frio,
ou sol de verão dentro do ônibus lotado.
Me irrita os não olhares, e as pessoas que te magoam.
Mas me irrita mil vezes mais,
Você não irritado com quem te magoa.Você não magoado com quem te irrita.
Me irrita você ser bom,
e não ser bom comigo.
Me irrita a injustiça, me irrita as desigualdades, me irrita e assim te irrito.
Me irrita seu determinismo, e seu modo de ver a vida de um jeito só seu,
e somente seu, comigo não fazendo parte desse eu que só você possui.
Me irrita, muito e profundamente,
e não estraga meus prazeres, o que você faz, que não me irrita.
Mas ainda assim, me irrita minhas irritações e meu medo, de te perder,
toda vez que me irrita seu medo de perder... o ônibus.
Que também me irrita não me olhar, não me beijar.
e assim, me irrita você me deixar,
Me deixar...
Me deixar...

Branco

Como confiar em alguém, que não carrega consigo as fotos dos amores na carteira.
Como confiar em alguém que não possui em si, as lembranças?
Não carrega em si, o peso do passado.
Não possui memória, não possui história, não existe nas fotografias,
não persiste nas pessoas, vive do branco:
nas roupas, nas coisas, nas paredes, no chão, nos olhos, no coração.
Do branco vive, e em nada se confia.
Ele grita, morde, implora.
Eu não confio em alguém assim.
E eu, com minhas cores, sei que ele também não confia em mim.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

eu grito...

Grito o que aqui está preso há anos, há séculos, milênios.
grito o meu gozo e meu prazer,
minha vontade, minha decisão.
Grito um tiro no seu coração que não vê,
um saída pra suas mãos que não tocam.
mãos que machucam, mãos que matam.
Grito um basta pra sua posse que não me terás jamais,
Grito um não para sua força, que me força a fazer o que não quero,
que me rouba a alma, que me rouba a dignidade, que me corta em vergonhas e humilhações,
que me corta inteira, que me larga na rua, quando viva, ainda assim morta.
Grito uma visão de que estamos aqui, grito um reconhecimento, um direito, uma liberdade.
Grito um riso, pra sua cara de covarde.
Sua incredibilidade quando grito que suas mãos nunca mais encostarão em meu pescoço,
que seu cíume nunca mais encostará em meu rosto,
que sua loucura e sua força nunca mais penetrarão meu corpo.
Grito uma lágrima a todas que sofreram por sua ignorância, por seu machismo.
Grito um grito entalado,
um sopro contido,
um beijo libertado.
Grito a vida das que lutam, e a vida das que não sabem como gritar.
Grito as elizas, as geizys, eloás, mércias, as marias, sonias, paulas, robertas, carolinas...
Grito a você que estamos aqui, que estamos vivas, que somos mulheres,
que somos, e fomos, e sempre seremos mulheres, guerreiras, livres.
De espírito, mente e corpo.

Livres!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

folk;

a alegria de ver, é como notas que saem do seu violão. e uma voz doce lá no fundo, lembrando um folk de um país que não sei pronunciar. ou uma música indiana, bem calma, bem doce.
é assim, seus olhos. bem calmos, bem doces.
e me arrastam pelo mar de temperamentos e personalidades, que só você consegue criar.
e está tudo em silêncio, porque só assim consegue me ver.
toco seu rosto, de olhos fechados.
que é pra ter na memória e na palma da mão,
os traços do que eu chamo de amor,
os resquicíos do que um dia foi paixão.

casa

Eu quero fazer parte, desse ambiente que vc chama de vida!
Eu quero ser as paredes da sua existência,
O chão da sua mente, ar do seu coração.

chocolate

Uma garota, de unhas azuis e olhos cor da terra. à procura de seu charming man, e seu cavalo branco. uma busca por alegrias e prazeres. uma busca por música infinita, e sonhos coloridos em chocolates e refrigerantes. uma garota de cabelos coloridos, tingidos ao seu humor inconstante. um pássaro que pula de galho em galho porque não sabe voar. um gato domesticado que come na mão, e carrega sua caça nas costas, até o outro lado do mundo. em que não há arco-íris, não há livros, nem árvores, nem chocolates... uma garota de unhas azuis que tem medo de amar, e foge de todos, e aborta compromissos e esquece do espelho. uma garota de olhos cor da terra, que quer, mais que todos, fixar-se em algum canto, em que haja arco-íris, árvores, chocolates e amor...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quinta-feira

Demorou-se na cama, por volta de 10 minutos. Sua mãe gritava. sempre grita. mas hoje não, ela pensou. Hoje não.
O corpo, molhado, e quente. calafrios. cansaço.
Era uma quinta-feira azul, e não se atreveu olhar no espelho. Ver os olhos inchados. Ver a boca branca, seca. Garganta muda.
E abriu o chuveiro. A água quente escorria em sua pele, como o abraço que ela perdera.
Esquentava, chocava, calafrios. E pelo seu rosto, a água limpava aquela maquiagem carregada do dia anterior.
Tentava em vão, dizer palavras que saíam do aparelho de som: "you know me so well, you know me so well, and i know you as well".
Não. Não conhecia. Nem ela, nem ele. Não conhecia.
E saiu. no frio. não queria sair. na verdade, desejava a chuva antes do sol. desejava a cama, antes da rua.
Era novembro. ela não se esquecia. E jurava a si mesma, o término, antes de dezembro.
Um mês. Ah, ela riu. e penteou os cabelos. se olhou no espelho.
Não, já não estava assim tão mal. precisava levantar, sair, trabalhar, conversar.
E desceu as escadas. e respondeu ao questionário de sua mãe.
Sim, chorei. Sim, briguei. Sim, to mal, mas estou bem. Sim, não farei novamente!
E ouviu, uma última vez, aquele aparelho de som. E se magoou. Se esqueceu.
E repetiu, silenciosamente, em sua mente: "E o que resta é tão pouco, como eu sou pouco contigo... és meu mais novo vacilo"
E sorriu. repetiu. repetiu. sorriu.
E se esqueceu, então, de como fora a última vez que o vira.
Teria sido mágico? Teria sido sonho?
Não. não queria lembrar da última vez, do último encontro.
Só pensava na primeira vez que o encontrara,
E sorriu, sonhando com todas que poderiam vir depois dela...

O que sou?

Sou o que resta no seu prato. Aquele descaso, meu, não seu.
Sou aquilo que não se enxerga, aquilo que se acha. Achismo, conformismo, egoísmo.
Sou um misto de "ismo". Um misto de personalidades.
Sou o medo, sou a força, sou o sentimento, a fraqueza, o amor não correspondido, e um pouco de carência, afinal, o que sou, eu sou.

Assim, egoísta. Sem nem, o que, ou porque.
Sou aquilo que te faz chorar, sou a sinceridade presa em letras duras e frias, em choros e gozos.
Sou a insegurança que sai na fumaça de seu cigarro, e a certeza que sai de seus lábios. Seus dedos.Seu escárnio.
Sua alma. Sua frieza, sua realidade.
Sou o casamento entre a música e o cinema. Sou a traição com a literatura.
Uma heroína, uma vilã, uma droga, o soro.
Sou a chuva, que lava tudo, e arrasta casas, cidades, corações.

Sou morte e sou vida. Sou o mar. Sou a ressaca.
Sou isso. sou aquilo. sou tudo. sou nada.
Sou eu. Sou você. Sou o que me vê. E o que pensa que vê.
Sou tristeza, e felicidade. Alegria, loucura, paixão e ódio.
Sou sua. E assim, sou nada. Nada em mim. Nada em você.
E assim, soou o sino. a luta acabou.
Ele me disse: é isso.
"É isso". Sou isso.

Sou saudade. Amor. Perdão. Minha. Sou minha.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bailarina;

Calçou a sapatilha delicadamente. sabia que deveria, antes de mais nada, deitar-se no chão, e sentir o espírito do lugar que iria ocupar, daqui a uma hora, seu coração e sua mente. Como sabia (e sentia) que iria ocupar, senão o coração, ao menos os olhos, que os que lá estavam a vê-la.
Sentiu o ar, o chão, sua base. lembrou-se da mãe, que nunca conhecera. Lembrou-se do pai, preso. Lembrou-se da madrinha, seu verdadeiro, real chão;
E então, em um movimento delicado, como árvores sendo balançadas pelo vento, levantou as duas pernas, fez os círculos correspondentes a notas musicais de um blues. 
E em um movimento brusco, lembrou o rock, e bateu seus pés (delicados) com toda a força que pôde no palco. e gritou. soltou o ar, soltou a tensão, soltou o coração. Respirou bruscamente, abriu os olhos e cantou, como um pássaro.
Ao se levantar, girou o pescoço, e então percebeu que havia ali, um homem a observá-la. De olhos atentos, apaixonado. rosto velho e maltratado. A olhava em tudo, em detalhes. Tremia e tentava, sem sucesso, soltar uma sílaba, que pudesse corresponder ao amor que sentia por aquela menina-pássaro.
A bailarina o fitou uma vez, somente. deu meia volta, e foi maquiar-se no camarim.
Não olhou para trás. Nunca mais o viu.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

- gostou?
- sim, um pouco.
- porque um pouco?
- achei triste.
...
- chove muito.
- pois é.
- vai encher tudo de água.
- vai lavar os corações tristes da cidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

vamos...

- vamos deixar isso entre ela e você.
Porque deu saudade. E choveu em mim.
- vamos deixar isso entre eu e você.
Não, vamos cantar isso pra ela e você.
- vamos esconder isso, só entre eu.
Acho, vamos envolver isso. Porque choveu em você.
E fez-se mar, em mim.
Gosto de cinema, ponto.
vivo cheio de manias
tenho uma certa
pré-dislexia


Às vezes eu surto mesmo
mudo de assunto
sumo e não assumo
a minha lucidez.


Pareço moderno
a te procurar


Caio na balada, admito
Alimento meu espírito
com litros de café e saio pra dançar...


Sempre quando acordo cedo
crio uma canção maluca
ligada ao sonho e ao Ménage a Trois
Pareço moderno
a te procurar...


(Pareço Moderno - Cérebro Eletrônico)

- me lembra alguém.

Cinema;

Eles entram em reunião, e eu continuo aqui. Morta.
Não tão morta quanto eu gostaria. A dor no estômago é mais forte;
ela me corta ao meio, assim como o calafrio na minha pele.
Levanto-me e vou até o café. Não tem, é claro. Além de segunda-feira, de coração partido, de noite mal dormida, e uma cólica, fruto de uma não gravidez...
... Está frio dentro de mim, e claro, não tem café.
As pessoas não enxergam, observam apenas seus mundos, suas atividades e rotinas, os amigos te ligam ou te dão bom-dia para dizer apenas, como foi bom o fim-de-semana, ou como são tristes ex relacionamentos.
E falam, falam, falam. E ninguém ouve. Ninguém se propõe a ouvir.
E eu ouço. Olho nos olhos, e ouço. Mas não entendo. Não me pergunte o nome da banda que ele viu na sexta, eu na verdade, também não entendo.
Levo minha mão de unhas vermelhas até a bolsa, e procuro o celular por entre os papéis e maços de cigarros, nenhuma ligação. nenhuma mensagem. ninguém.
E decido sair, vou almoçar, alguma hora. E depois vou ao cinema, sozinha.
Tentar ver aquele filme que ele viu com os pais. Ou aquele que ele viu em casa.
Vou ao cinema. Outro fruto de uma solidão que é somente minha.
A solidão já me basta em casa. Já me basta na rua. Já me basta nas redes sociais.
Ontem decidi abandonar as redes sociais. Ninguém se importou. É compreensível.
São redes... sociais. Não são amigos, não são amores, são sociais.
Transfiro então minha solidão, nada social ao cinema. Sempre foi o cinema.

Todo o tempo. Fato.
Minhas três vezes ao cinema sozinha, foram mais profundas do que com qualquer outra pessoa.
E lá, eu me encontro. Morta. Sozinha.
Eu, minha solidão, e a pipoca com manteiga.

neruda

Leio Pablo Neruda, para me lembrar de amar.
Assisto você cantando,
para me lembrar do motivo,
do porque eu devo me lembrar de amar.

sábado, 6 de novembro de 2010

só se...

Eu te prometo que...
Se você vier morar comigo, no nosso apê. Com os gatos e o vinho. Eu deixo você ter uma prateleira inteira, só para os seus CDs.
Se você vier morar comigo, eu faço um chá de limão, com mel e canela, pra curar sua gripe. Faço massagem e carinho nos seus cabelos, pra sua dor passar. E enjoo não existe comigo. Prometo fazer pizza e sanduíche, caso seja o seu desejo por comida.
Se você vier morar comigo, farei de tudo para que não adoeça. E se cair em alguma armadilha da vida, eu corro contigo até o hospital, e seguro sua mão enquanto você vira o rosto para não ver a agulha entrando nas suas veias. Te acalmo, e leio poemas pra você, enquanto o soro te cura.
Se você vier morar comigo, não haverá saudade, nem ausência. Não haverá dor, nem cíume, nem tristeza.
Se você vier morar comigo, eu te levo todo dia no ponto, para você não perder seu ônibus. E te beijo com paixão, demorado, assim, pra você não sentir minha falta.
Eu só te peço que, aguente meus gritos, minha TPM, aceite meus passos.
E serei sua, e de mais ninguém,
Mas só se, você vier morar comigo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sogra;

Jorge, meu querido. Compre uma flor para ela.
Mulheres gostam disso...
Eu sei que ela não é uma mulher qualquer (mas você a trata como),

e sei também que não é qualquer flor, tem que ser aquela, da varetinha.
Ai, meu filho, não gosto de te ver sofrer, mas vê então se, da próxima vez,
não deixa o pedaço de pizza em cima da toalha molhada, na mesa da sala!
Nem traga mais filhotes de cachorro que você encontra por aí, na rua...
Eu sei que você tem coração, e é humano.
Pense, não é qualquer mulher que aceita isso, e ela te expulsou de casa.
E eu, a mãe é que sempre te aceita de volta.
Eu sou a melhor mulher que você já teve...
Tá me ouvindo Jorge????

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

bodas de ouro;

Voltando do trabalho, hoje, no ônibus, vi um casal de velhinhos.
Daqueles bem idosos, que andam devagar. Era um casal lindo.
Ele a olhava apaixonado, enquanto ela brincava com o bebê de um ano, no banco da frente.
Ele não soltava a mão dela, e ela acariciava seu braço.
Ela, carregava uma sacola com duas marmitas, e ele carregava a bolsa dela no ombro.
Os dois pareciam tão felizes. Não, eles são felizes. É mais do que simples aparência.
Era um olhar de amor, de apaixonado. E vai saber quantos anos eles já estão juntos.
E de repente, me deu uma vontade de ser velhinha...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

patas de gatos

Isabela sentava na sua cama. Pensava em tudo que lhe havia ocorrido na semana.
Eram textos e mais textos para decorar. Molhava a boca em um chá, doce com aroma de rosas, lambia os lábios como se fosse beijar o vento. Com uma colher pequena e fina, tirava o sachê, e as gotas contruíam um caminho, até a mesa, como se fossem marcas de patas de gatos. Isabela pensava nos gatos. Há tantos anos que não os via.
Mas tinha muitos textos para decorar, e o frio já a ajudava mais. Antes, era prazer se sentir européia. Se sentia melhor do que quando morava naquele interior de Mina Gerais, o calor, o verde, o cheiro de chuva e de café. A mesa farta, bolos, pães, sucos e queijos. Doces... Ah, o doce de goiaba que sua avó fazia.
O último que Isabela comeu foi quando passou o outono na casa de Lucia, na Galícia. Era quase tão bom quanto a da sua avó. Mas não era o mesmo.
E agora, Isabela sentia falta disso tudo. E foram só dois anos na cia de Teatro. O primeiro ano era aquela coisa, aquele charme, aquele casaco, o cigarro, o vinho, os sapatos vermelhos, olhares blasé e passeios em direção ao Louvre.
O segundo ano te trazia saudades. Era somente aquela frieza, aquela falsidade, aqueles intelectuais, aquele charme irônico e hipócrita. Isabela não gostava mais de Paris. Impossível, dizia sua namorada. Aqui podemos ser livres, aqui podemos nos amar.
Isabela já não queria mais amar. Tinha que decorar os textos. Beber seu chá, doce. Doce demais para o amargo que estava sua vida. Tinha que pagar as contas, e ligar para Lucia toda vez que ela sumia de casa.
Isabela queria viver. Queria descansar. Abraçar seus gatos. Pisar descalça na grama
Isabela queria voltar. Mas se perguntava quando, como, se iriam aceita-la.
Ela queria somente, largar o chá, e comer o doce de goiaba da sua avó.

perna quebrada;

O Poeta me beijou os olhos. Meu rosto. Meus lábios e cabeça.
Me prometeu me amar. Prometeu cuidar de mim.
O Poeta acreditou na minha arte. Me levou pra casa, e ouviu absurdos da minha mãe.
Superou nossa diferença de idade. Me buscou na escola. Me ensinou literatura.
O Poeta me apresentou sua filha. E eu brinquei de boneca mais uma vez.
Não tirou foto de mim. Me queria inteira, em sua memória, em seus sonhos.
O Poeta me respeitou quando eu disse que já tinha alguém.
E me amou intensamente quando larguei tudo por ele.
O Poeta me trouxe rosas. Roubadas. E me levou para ver um filme.
E fomos tomar sorvete. Eu, ele e a filha. E ouviu absurdos, do sorveteiro.
O Poeta chorou, quando eu parti para outro país.
Me escreveu cartas de amor. Juras e promessas.
O Poeta encontrou uma bibliotecária. Que cuidou de seus textos.
Ela cuidou dele, cuidou da sua filha. Ela era dele, e ele não era mais meu.
O Poeta me viu uma última vez. Eu estava de cabelo curto, e de volta.
Ele estava com a perna quebrada, e não escrevia mais.

dia de finados

Exagerado. Ele é exagerado.
Não me trouxe mil rosas roubadas,
nem mendigou, matou.
Ele não largou tudo, carreira, dinheiro, canudo.
Mas é exagerado.
Adora um amor inventado,
em pleno dia de finados.


(texto construído em referência a Exagerado, do Cazuza)

Amores de dezembro

Eu não gosto de dezembro. Na verdade, até gosto, acho.
Mas é Natal, e eu não gosto de papai noel. Dos presentes falsos,
das ruas lotadas. Das pessoas transbordando amor, em tudo quanto é canto.
Não gosto de ver pessoas passando fome de um lado do rio,
enquanto pessoas do outro lado presenteiam o filho com o terceiro videogame.
Não, não gosto de dezembro.
É calor, mas chove muito. Isso é incoerente pra mim. Chove e continua calor.
E todos vão para a praia no ano-novo, e bebem, e esquecem das pessoas,
aquelas do outro lado do rio.
E eu não gosto de Roberto Carlos. Eu sei, você me pergunta "como não?".
Mas em dezembro é sempre assim. Roberto Carlos depois da novela.
Tios e tias transbordando amor quando na verdade se odeiam.
Dezembro é falso. Dezembro é triste. Dezembro é seu mês, de amores.
E na verdade, eu falei tudo isso, porque é verdade.
Eu não gosto de dezembro, não gosto de Natal, não gosto de Roberto Carlos.
E não gosto de Amores de dezembro.
Porque eu tenho medo que seja só mais uma. O amor de dezembro de 2010.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

peitos;

Eu sei que você gosta daquela foto, porque tem peitos.
Sei que você gosta daquela mulher lá, aquela da copa, por causa dos peitos (falsos) dela.
E quando diz que quer meu corpo em sua cama,
na verdade você quer bater aquele velho papo com os meus (peitos).
Mas tudo bem. Eu aceito. Não ligo. Entendo. Daquele texto da bunda.
Mas bundas, peitos, pernas e coxas, pintos, musculos, bocas e braços.
Isso faz parte, não faz?
Eu gosto, na verdade. Eu acho.
Você diz querer o corpo inteiro.
Isso inclui o coração. Inclui você.
Seu peito, sua bunda, seus braços, mãos, bocas, beijos, mordidas, arranhões,
suor, gritos, olhares, pele, pêlo.
Isso inclui você. Me inclui.
Eu, meus peitos, minha bunda,
Meu coração, seu coração.

este estar;

Gosto de nossos sorrisos por isso. por essa cumplicidade,
essa simplicidade. este estar.
é bom assim, ser você sendo eu. sendo um, mas sendo dois. E mesmo,
sendo dois quando somos um.
Enfim, você entende, porque você sou eu. em mim. sendo em você.
Levo comigo um maço vazio e amassado de Republicana, e uma revista velha que ficou por aqui.
Levo comigo as duas últimas passagens de trem. Levo comigo um guardanapo de papel com minha cara que você desenhou, da boca sai um balãozinho com palavras, as palavras dizem coisas engraçadas.
Também levo comigo uma folha de acácia recolhida na rua, uma outra noite, quando caminhávamos separados pela multidão. E outra folha, petrificada, branca, com um furinho como uma janela, e a janela estava fechada pela água e eu soprei e vi você e esse foi o dia em que a sorte começou.

Levo comigo o gosto do vinho na boca. (Por todas as coisas boas, dizíamos, todas as coisas cada vez melhores que vão nos acontecer.)

Não levo uma única gota de veneno. Levo os beijos de quando você partia (eu nunca estava dormindo, nunca). E um assombro por tudo isso que nenhuma carta, nenhuma explicação, podem dizer a ninguém o que foi.



(Galeano)
- Aonde quer chegar?
Sim, exatamente isso que perguntei.
E me desculpe se não sou o modelo, aquele ideal.
A garota fantástica, que brilha de sonhos. A menina de fantasias, ou a mulher de promessas.
Sou essa, sou única, sou assim. Sim, sou eu, repetindo palavras.
Não escrevo da sua forma. Mas me encaixo em seu padrão.
Gosto de você. E você gosta de mim.
- Aonde quero chegar?
Quero chegar perto de você.
Até você nunca mais duvidar das poucas palavras,
que eu não sei escrever.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Da próxima vez...

Da próxima vez, não me diga que tem alguém afim de você além de mim.
Não largue minha mão quando sentir perigo. Me abrace quando eu sentir frio.
Da próxima vez, elogie meu cabelo, não é sempre que eu o arrumo para alguém.
Não tire a caneta da minha mão, nem tente ler o que eu escrevo pra você.
Da próxima vez, me abrace de todas as formas, e dance comigo a música
mais esquisita da noite. Me encante, mais do que já me propõe.
Da próxima vez, acenda meu cigarro, olhe nos meus olhos. Me deixe sem graça.
Não duvide de minhas palavras. Não diga que sou livre, e que você tem medo disso.
Da próxima vez, deixe seu cachecol comigo. E não pegue resfriado. Fico preocupada.
Não me lembre, que tem alguém afim de você além de mim.
Também não me lembre que eu tenho alguém, além de você.
Da próxima vez, sussurre coisas impossíveis e proibidas no meu ouvido.
Depois solte uma risada, que me deixe mais envergonhada do que antes.
Da próxima vez não diga que está cansado. E se disser para irmos para um hotel,
me arraste para lá. Eu irei aceitar.
Não suba no ônibus, nem entre no metrô. Não me deixe sozinha.
Da próxima vez, não faça nada do que eu te disse.
Não seria você.
Pois bem.
Me diga?
Como é que fica, você e minha filha?

Ass. Mãe.

Voe;

Tudo em mim gira em um mês. Tudo gira em mim.
Sou egoísta e já te disse isso, não reclame.
Enjoo fácil do que não quero mais, não sou de levar com a barriga.
Em um mês já me machucaram muito, então é meu prazo para amar.
Posso te aceitar da forma que é, então me aceite também.
Se estou livre hoje, é porque assim quero voar.
Clarice já me disse para ser o que você quiser, mas somente quando eu quiser.
Em um mês você já terá me machucado. Ou menos, pode ser em dias.
Mas se em um mês, você tiver me conquistado, aí te convidarei para voar comigo,
ao meu lado.
Não me prenda em uma gaiola, não poderei cantar para você.
Não me prenda em suas mãos, ou você não conhecerá o mundo mágico que eu posso te apresentar.
Não me prenda. Voe comigo. Aceite, só isso.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A do Vanguart...

A primeira vez que eu te vi, você estava bêbado. E me contou que não era menor de idade. Eu queria sumir, para não ter que pensar em você. Ele não deixava eu pensar em você.
E a segunda vez que te vi, você estava sóbrio. E se embebedou do meu chá. Conversamos sobre coisas que eu não imaginava que pudessem existir. E ela deitou sua cabeça no ombro dela. Eu não queria pensar em você.
A terceira vez que eu te vi, você estava atrasado. E me levou em um filme estranho, com pessoas esquisitas. E conversamos sobre ele, e você, sobre ela. Até que você ficou bêbado, finalmente me beijou. E cantou frases que eu não conhecia. Eu já pensava em você.
Na quarta vez que eu te vi, eu estava atrasada. E você me contou do casamento. E me fez comer pão e salada. Não falei dele. Você não falou dela. E se despediu com um beijo apressado. Eu não pensava em mais nada...
A última vez que eu te vi, eu apareci, e sem esperar, te encontrei. Eu penso em você. Mas você não acreditou. Disse: "você é livre..." E então, ficou quase bêbado. Eu ia falar dele, mas você falou dela. Segurou minha mão a noite toda. Disse coisas que não se diz da boca pra fora. E eu acreditei. E eu pensei. Em você, eu penso em você.
E então, de olhos vermelhos e cansados. De fumaça e ressaca. Me olhou como se fosse uma última vez. Me deu um beijo, e de longe, via meu coração te acompanhando. Ao som de Beatles, você entrou no trem. E de longe, eu ia pensando em você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Drummond

Liverpool. 2006

















...
"Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"

(A rosa do povo - C.D.A. )

domingo, 24 de outubro de 2010

Um sonho bom...

Nossa relação é marcada por encontros e desencontros.
Desencontros e encontros.
Te encontrei e não queria. e quis. e esqueci.
Esqueci de ti, de mim. Não... de mim, lembrei-me bem.
Esqueci de ti.
E te desencontrei, novamente. Uma música. Alguém te trouxe a mim.
E cantei em alto e bom som. Bom te desencontrar.
Mas te encontrei. E foi a última vez que te vi.
A última vez que te vi. E você, finalmente me beijou.
Não, isso não aconteceu. Isso foi o que eu cantei.
No sonho.
Guarde um sonho bom para mim. Não!
Isso também não aconteceu.
Enfim, de tantos encontros e desencontros, se eu canto ou sonho,
É lá que eu me encontro e te perco.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Olá, tudo bem com você? Parece que faz séculos que não nos falamos.
Pois é, voltei. Decidi pensar no que aconteceu passar por cima, pedir desculpas, não sei.
O que for melhor pra você.
É eu sempre peço desculpas, eu sei, fiz mal, mas não por mal.
Enfim, como você está? Ando preocupada. Disseram-me que ia viajar, que talvez fosse para o México, não sei como iria... Arranjou emprego?
Bom, continua tirando suas fotos então? Elas eram tão lindas, ainda guardo aquela, da viagem no ano novo, naquela ilha que eu sempre esqueço o nome.
Eu sempre esqueço, é verdade. Não somente de nomes, mas de rostos e pessoas... eu sei que você não esqueceu daquela noite, eu fiz mal, mas não por mal.
Tudo bem, mudamos de assunto, não quero te chatear, não hoje. E a casa nova, como está? Vermelho é uma cor que eu acho fabulosa. Sim, bege também cai bem, mas se torna frio, duro. Não é seu estilo. Não, também não era o meu, você tem razão.
Por favor, não fica achando que estou te provocando, você sempre foi minha inspiração em tudo. Não, não estou te provocando. Fique, não vamos estragar a festa.
Fique, eu peço desculpas...
Eu sei, eu sempre peço desculpas.

Só ela

Ele não possuía olhos de ressaca. Só ela podia ter, só ela era capaz de expressar, em um olhar, tudo que dentro de si estava, e ao mesmo tempo, tudo que de lá não poderia sair.
Não, ele não possuía olhos de ressaca.

E começa a 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

São diversos filmes, diretores renomados e algumas incógnitas.
Para conferir a programação é só entrar no link da Mostra de Cinema.









(O Estranho caso de Angélica - Manoel de Oliveira)


"Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim"

- Informações e comentários dos filmes, logo mais.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

590 dias com ele...

Foi esse o número, o qual ela, em seus cálculos, concluiu. Na estação de metrô, fumando um cigarro.
590 dias com ele, entre idas e vindas, claro! Ela pensou.
E pensou também nos olhares dos amigos, ao verem os dois, conversando. Sentiu a esperança deles aflorando, por uma reconciliação. 590 dias. Era passado.
Os dias estavam guardados em papel e foto. Não, era a resposta. Eram dias passados, para ela.
Um talvez, para ele. Não se sabe.
E quem é que sabe o que se passa na cabeça (e no coração) de um homem?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Diálogo (de cama)

- O amor é algo que resiste ao mundo do capital...
- E o coração é uma célula revolucionária!
- Ai, tenho que pagar a escola do Felipe amanhã.
- Manda a Antônia pagar, afinal...
- Afinal, é pra isso que serve um casamento falido, não é mesmo?