quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quinta-feira

Demorou-se na cama, por volta de 10 minutos. Sua mãe gritava. sempre grita. mas hoje não, ela pensou. Hoje não.
O corpo, molhado, e quente. calafrios. cansaço.
Era uma quinta-feira azul, e não se atreveu olhar no espelho. Ver os olhos inchados. Ver a boca branca, seca. Garganta muda.
E abriu o chuveiro. A água quente escorria em sua pele, como o abraço que ela perdera.
Esquentava, chocava, calafrios. E pelo seu rosto, a água limpava aquela maquiagem carregada do dia anterior.
Tentava em vão, dizer palavras que saíam do aparelho de som: "you know me so well, you know me so well, and i know you as well".
Não. Não conhecia. Nem ela, nem ele. Não conhecia.
E saiu. no frio. não queria sair. na verdade, desejava a chuva antes do sol. desejava a cama, antes da rua.
Era novembro. ela não se esquecia. E jurava a si mesma, o término, antes de dezembro.
Um mês. Ah, ela riu. e penteou os cabelos. se olhou no espelho.
Não, já não estava assim tão mal. precisava levantar, sair, trabalhar, conversar.
E desceu as escadas. e respondeu ao questionário de sua mãe.
Sim, chorei. Sim, briguei. Sim, to mal, mas estou bem. Sim, não farei novamente!
E ouviu, uma última vez, aquele aparelho de som. E se magoou. Se esqueceu.
E repetiu, silenciosamente, em sua mente: "E o que resta é tão pouco, como eu sou pouco contigo... és meu mais novo vacilo"
E sorriu. repetiu. repetiu. sorriu.
E se esqueceu, então, de como fora a última vez que o vira.
Teria sido mágico? Teria sido sonho?
Não. não queria lembrar da última vez, do último encontro.
Só pensava na primeira vez que o encontrara,
E sorriu, sonhando com todas que poderiam vir depois dela...

Nenhum comentário: