quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Da próxima vez...

Da próxima vez, não me diga que tem alguém afim de você além de mim.
Não largue minha mão quando sentir perigo. Me abrace quando eu sentir frio.
Da próxima vez, elogie meu cabelo, não é sempre que eu o arrumo para alguém.
Não tire a caneta da minha mão, nem tente ler o que eu escrevo pra você.
Da próxima vez, me abrace de todas as formas, e dance comigo a música
mais esquisita da noite. Me encante, mais do que já me propõe.
Da próxima vez, acenda meu cigarro, olhe nos meus olhos. Me deixe sem graça.
Não duvide de minhas palavras. Não diga que sou livre, e que você tem medo disso.
Da próxima vez, deixe seu cachecol comigo. E não pegue resfriado. Fico preocupada.
Não me lembre, que tem alguém afim de você além de mim.
Também não me lembre que eu tenho alguém, além de você.
Da próxima vez, sussurre coisas impossíveis e proibidas no meu ouvido.
Depois solte uma risada, que me deixe mais envergonhada do que antes.
Da próxima vez não diga que está cansado. E se disser para irmos para um hotel,
me arraste para lá. Eu irei aceitar.
Não suba no ônibus, nem entre no metrô. Não me deixe sozinha.
Da próxima vez, não faça nada do que eu te disse.
Não seria você.
Pois bem.
Me diga?
Como é que fica, você e minha filha?

Ass. Mãe.

Voe;

Tudo em mim gira em um mês. Tudo gira em mim.
Sou egoísta e já te disse isso, não reclame.
Enjoo fácil do que não quero mais, não sou de levar com a barriga.
Em um mês já me machucaram muito, então é meu prazo para amar.
Posso te aceitar da forma que é, então me aceite também.
Se estou livre hoje, é porque assim quero voar.
Clarice já me disse para ser o que você quiser, mas somente quando eu quiser.
Em um mês você já terá me machucado. Ou menos, pode ser em dias.
Mas se em um mês, você tiver me conquistado, aí te convidarei para voar comigo,
ao meu lado.
Não me prenda em uma gaiola, não poderei cantar para você.
Não me prenda em suas mãos, ou você não conhecerá o mundo mágico que eu posso te apresentar.
Não me prenda. Voe comigo. Aceite, só isso.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A do Vanguart...

A primeira vez que eu te vi, você estava bêbado. E me contou que não era menor de idade. Eu queria sumir, para não ter que pensar em você. Ele não deixava eu pensar em você.
E a segunda vez que te vi, você estava sóbrio. E se embebedou do meu chá. Conversamos sobre coisas que eu não imaginava que pudessem existir. E ela deitou sua cabeça no ombro dela. Eu não queria pensar em você.
A terceira vez que eu te vi, você estava atrasado. E me levou em um filme estranho, com pessoas esquisitas. E conversamos sobre ele, e você, sobre ela. Até que você ficou bêbado, finalmente me beijou. E cantou frases que eu não conhecia. Eu já pensava em você.
Na quarta vez que eu te vi, eu estava atrasada. E você me contou do casamento. E me fez comer pão e salada. Não falei dele. Você não falou dela. E se despediu com um beijo apressado. Eu não pensava em mais nada...
A última vez que eu te vi, eu apareci, e sem esperar, te encontrei. Eu penso em você. Mas você não acreditou. Disse: "você é livre..." E então, ficou quase bêbado. Eu ia falar dele, mas você falou dela. Segurou minha mão a noite toda. Disse coisas que não se diz da boca pra fora. E eu acreditei. E eu pensei. Em você, eu penso em você.
E então, de olhos vermelhos e cansados. De fumaça e ressaca. Me olhou como se fosse uma última vez. Me deu um beijo, e de longe, via meu coração te acompanhando. Ao som de Beatles, você entrou no trem. E de longe, eu ia pensando em você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Drummond

Liverpool. 2006

















...
"Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"

(A rosa do povo - C.D.A. )

domingo, 24 de outubro de 2010

Um sonho bom...

Nossa relação é marcada por encontros e desencontros.
Desencontros e encontros.
Te encontrei e não queria. e quis. e esqueci.
Esqueci de ti, de mim. Não... de mim, lembrei-me bem.
Esqueci de ti.
E te desencontrei, novamente. Uma música. Alguém te trouxe a mim.
E cantei em alto e bom som. Bom te desencontrar.
Mas te encontrei. E foi a última vez que te vi.
A última vez que te vi. E você, finalmente me beijou.
Não, isso não aconteceu. Isso foi o que eu cantei.
No sonho.
Guarde um sonho bom para mim. Não!
Isso também não aconteceu.
Enfim, de tantos encontros e desencontros, se eu canto ou sonho,
É lá que eu me encontro e te perco.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Olá, tudo bem com você? Parece que faz séculos que não nos falamos.
Pois é, voltei. Decidi pensar no que aconteceu passar por cima, pedir desculpas, não sei.
O que for melhor pra você.
É eu sempre peço desculpas, eu sei, fiz mal, mas não por mal.
Enfim, como você está? Ando preocupada. Disseram-me que ia viajar, que talvez fosse para o México, não sei como iria... Arranjou emprego?
Bom, continua tirando suas fotos então? Elas eram tão lindas, ainda guardo aquela, da viagem no ano novo, naquela ilha que eu sempre esqueço o nome.
Eu sempre esqueço, é verdade. Não somente de nomes, mas de rostos e pessoas... eu sei que você não esqueceu daquela noite, eu fiz mal, mas não por mal.
Tudo bem, mudamos de assunto, não quero te chatear, não hoje. E a casa nova, como está? Vermelho é uma cor que eu acho fabulosa. Sim, bege também cai bem, mas se torna frio, duro. Não é seu estilo. Não, também não era o meu, você tem razão.
Por favor, não fica achando que estou te provocando, você sempre foi minha inspiração em tudo. Não, não estou te provocando. Fique, não vamos estragar a festa.
Fique, eu peço desculpas...
Eu sei, eu sempre peço desculpas.

Só ela

Ele não possuía olhos de ressaca. Só ela podia ter, só ela era capaz de expressar, em um olhar, tudo que dentro de si estava, e ao mesmo tempo, tudo que de lá não poderia sair.
Não, ele não possuía olhos de ressaca.

E começa a 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

São diversos filmes, diretores renomados e algumas incógnitas.
Para conferir a programação é só entrar no link da Mostra de Cinema.









(O Estranho caso de Angélica - Manoel de Oliveira)


"Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim"

- Informações e comentários dos filmes, logo mais.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

590 dias com ele...

Foi esse o número, o qual ela, em seus cálculos, concluiu. Na estação de metrô, fumando um cigarro.
590 dias com ele, entre idas e vindas, claro! Ela pensou.
E pensou também nos olhares dos amigos, ao verem os dois, conversando. Sentiu a esperança deles aflorando, por uma reconciliação. 590 dias. Era passado.
Os dias estavam guardados em papel e foto. Não, era a resposta. Eram dias passados, para ela.
Um talvez, para ele. Não se sabe.
E quem é que sabe o que se passa na cabeça (e no coração) de um homem?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Diálogo (de cama)

- O amor é algo que resiste ao mundo do capital...
- E o coração é uma célula revolucionária!
- Ai, tenho que pagar a escola do Felipe amanhã.
- Manda a Antônia pagar, afinal...
- Afinal, é pra isso que serve um casamento falido, não é mesmo?