sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

permita-se

Encha os pulmões, grite. 
Solte os braços, cante. 
Se levante, pule, esqueça, se lembre. 
Mande a merda quem te julga, quem te oprime. 
Lute pelo que acredita e faça justiça. 
Não se deixe ser usado, ousa, 
arrisque, sonhe, faça acontecer. 
E acima de tudo, 
permita-se.






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

da mulher

É difícil para quem não consegue enxergar, que,
a beleza da mulher não está nos decotes ousados, ou no tamanho dos seios e bundas e bocas.
Mas está no olhar que ela solta quando passa, na confiança que ela tem em sorrir mesmo depois que acabou de comer, ou está na forma como solta os cachos de cabelo castanho ao sair de casa, e os prende com uma caneta ao subir uma ladeira.
Não está na quantidade de maquiagem, mas no momento em que você decide usá-las ou não.
É difícil para quem não consegue enxergar que,
a beleza da mulher não está em ser a mais meiga ou a mais sedutora. Mas está em ser e se sentir bem com ela mesma e que a sabedoria mesmo é vestir uma camiseta velha e surrada pra dormir. E se olhar no espelho e pensar que não terminou de ler o capítulo do livro na cabeceira, ou que com duas mãos consegue carregar um mundo de responsabilidade. Está em acordar de manhã e saber o que tem que ser, o que tem que saber, o que tem que fazer e como irá lutar.
É difícil e poucas conseguem enxergar, dos homens, poucos irão entender, e das mulheres,
as que não conseguem ver, sentir, ser...  chamam as outras de biscate.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

uma noite só;

Cansei de ser mulher de uma noite só.
Cansei das cores opacas e do seu senso de humor barato.
Cansei do seu olhar vagabundo, e do carnaval deixado de lado!
Cansei dos sorrisos bobos, e dos beijos em garotas estranhas ao meu lado.
Cansei de ser a boba, a amiga, a conselheira, um retrato.
Cansei de ser assim, ser você, em tons e fotografias,
em um filme desbotado.

quarta-feira de cinzas

Tenho em mim, uma quase certeza misturada com medo, de que no fundo, todas as pessoas procuram viver uma grande história de amor.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cap. X

Tentei dormir, mas claro, não consegui. Um pássaro lá fora me acordou, na verdade, ele interrompeu minha tentativa de dormir em meio a tantas lágrimas.
Porque dói tanto? Uma dor tão insuportável. Uma dor que sufoca, que mata, que prende, que mutila, corta a pele, impede de respirar, impede de enxergar.
Me lembrei no dia oito que era quase dia dez. Que bobagem a minha, outro dia dez. Outro que se vai. Outro que deixei ir. Outro que não soube amar.
Essa semana não pintei minhas unhas de vermelho, nem de azul. As deixei claras, queria mudar. Essa semana voltei a estudar, quis dar um foco na minha vida. É que vejo todos ao meu redor dando um sentido às suas vidas, e eu continuo parada aqui, onde você me abandonou. E não adianta vir me dizer que a culpa é minha. Eu sei com toda a clareza que a culpa é minha.
Onde parei nas nossas lembranças? Não sei, não consigo pensar direito ás duas e meia da manhã. Não tenho comigo um copo de conhaque, ainda mais nesse calor insuportável. Mas tenho um cigarro. Isso sempre ajuda.
Eu sei que você não gosta que eu fume. Mas ultimamente os cigarros têm sido os meus melhores companheiros, não só os caretas, como você bem sabe. E de novo me lembrei como você é hipócrita com essas coisas. 
Ontem foi a calourada. E eu ia lá só pra te ver. Desisti. Ainda bem, afinal, quantas calouradas já não passamos juntos? E aquela que você me convidou, com o maracatu no centro de São Paulo? É, eu me lembro bem desses encontros, e você, se lembra? Sempre que passo por aquelas ruas, me lembro de nós, lembro das batidas, lembro de você sorrindo, feliz, porque tinha entrado na faculdade. Me lembro de você dançando, e cantando as músicas da faculdade, depois se virando pra mim e dizendo "bem feito, quem mandou não passar na usp?". Ah, como você sempre foi grosso, isso nunca mudará.
Aqueles dias de verão não existiam namorados, não existiam amigos para você sentir saudades, não existia pressão, nem ciumes, nem mentiras, nem paixões, esquecimentos, brigas... aqueles dias eram reservados para nós dois. E acreditávamos nisso.
A luz do meu quarto queimou hoje. E procurar o cigarro no escuro dá muito trabalho. Não tanto quanto o passado, que me persegue, me assusta, me dói. Eu poderia namorar qualquer cara aqui fora, mas nenhum é assim, nenhum tem seu rosto, seus olhos, sua acidez nas palavras. Alguns tentam, é verdade, mas não conseguem ser você. E pensar que poderíamos ter sido tudo. Bom, você está sendo a cada vez que vejo fotografias novas suas. Você engordou nesses meses que estamos sem se falar, e isso é um elogio, pois está cada vez mais bonito, e cada vez menos sorridente.
o cigarro apagou, e eu sei que devria ir dormir, mas pra quê? Pra sonhar mais uma vez contigo, nesse aniversário da nossa briga? Eu sei que amanhã irei acordar com a cara inchada (de novo) e todos irão me perguntar se minha ressaca foi de uma noite boa pelo menos. Não, não foi. Não está sendo bom, não está sendo fácil, está dolorido. E toda vez que encosto a cabeça no travesseiro, eu choro por alguns minutos, até os olhos arderem tanto, a ponto de eu não conseguir abri-los, e assim, adormecer. Esse tem sido meu melhor remédio para a insônia. As lágrimas.
E meu cigarro apagou. O cigarro que você tanto odeia, o cigarro que você roubou da minha mão, aquele dia, anos atrás, no centro de São Paulo. Você deu um trago, apagou, jogou no chão. Me puxou com força para perto do seu corpo suado e cansado do dia que me convidou a dividir contigo. Me jogou contra a parede do restaurante que dentro, tocava sertanejo, deu uma risada da situação, da música, se nós dois juntos ali, tarde da noite em São Paulo. E me beijou, com força. Um beijo que durou minutos, horas.
Um beijo que eu não sei mais qual é o gosto. Porque o gosto não vinha da sua boca, vinha de você por inteiro, disponível ali, aquela noite pra mim. Estávamos começando algo lindo. E eu não se, eu pudesse adivinhar tudo o que restaria de nós hoje, não sei se faria tudo de novo. Acho que sim. Porque não me arrependo de um minuto sequer que passei contigo.
Me arrependo do fim. E isso, meu rosto inchado, as lágrimas caindo no teclado, meu coração dolorido e o travesseiro, sabem muito bem como me arrependo da forma como tudo terminou.
Parabéns pelos meses sem lembrar que eu existo. Queria ter essa facilidade em te esquecer. Desculpe, eu queria muito ter. mas sinto sua falta. É, eu sinto.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sol e Chuva



É que quando a saudade bate, meu amigo, não tem pra onde correr, não tem pra onde fugir, muito menos tentar se esconder. Ela pode te alcançar em qualquer lugar. Na rua, na escola, carro, ônibus, a pé.
Mas o lugar preferido dela te achar, é a noite, no quarto. Saudade impiedosa, essa. Não há razão que a impeça.
Quando ela bate, não liga para classe social, cor da pele, gênero, religião ou time de futebol. Ela bate e não avisa antes.
E não adianta amigo, escuta o que eu te falo, não adianta você tentar fugir, ela não vai te deixar. E vai doer sim se você não matá-la. Ela vai sugar suas memórias, te desviar em cada lugar dos seus pensamentos, para você só pensar nela, na saudade. Vai doer no peito se você não se livrar dela.
Tem dias que ela vem, bate e vai embora rápido, tem dias que ela persiste até você se tocar que precisa fazer algo. E ai daqueles que não possuem a sorte de matá-la com uma simples ligação. Ai daqueles que não podem acabar com essa angústia com um abraço.
É que a saudade anda se aproveitando dessa coisa besta da sociedade de impedir que os outros se deixem ter saudade ou permitem que os outros a matem com um sorriso. A saudade sabe disso, e se aproveita pra doer nos homens e mulheres. 
Ela anda muito apressada, dolorida, cruel. Saudade anda solitária nesses dias estranhos de sol e chuva. 
Coitada.