quinta-feira, 25 de novembro de 2010

eu grito...

Grito o que aqui está preso há anos, há séculos, milênios.
grito o meu gozo e meu prazer,
minha vontade, minha decisão.
Grito um tiro no seu coração que não vê,
um saída pra suas mãos que não tocam.
mãos que machucam, mãos que matam.
Grito um basta pra sua posse que não me terás jamais,
Grito um não para sua força, que me força a fazer o que não quero,
que me rouba a alma, que me rouba a dignidade, que me corta em vergonhas e humilhações,
que me corta inteira, que me larga na rua, quando viva, ainda assim morta.
Grito uma visão de que estamos aqui, grito um reconhecimento, um direito, uma liberdade.
Grito um riso, pra sua cara de covarde.
Sua incredibilidade quando grito que suas mãos nunca mais encostarão em meu pescoço,
que seu cíume nunca mais encostará em meu rosto,
que sua loucura e sua força nunca mais penetrarão meu corpo.
Grito uma lágrima a todas que sofreram por sua ignorância, por seu machismo.
Grito um grito entalado,
um sopro contido,
um beijo libertado.
Grito a vida das que lutam, e a vida das que não sabem como gritar.
Grito as elizas, as geizys, eloás, mércias, as marias, sonias, paulas, robertas, carolinas...
Grito a você que estamos aqui, que estamos vivas, que somos mulheres,
que somos, e fomos, e sempre seremos mulheres, guerreiras, livres.
De espírito, mente e corpo.

Livres!

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