quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011



Amanhece o dia, retornando para a chuva.
Ela  não quer saber de TV.
Não quer saber de se molhar.
Ela não quer saber de mais nada,
além do desejo infinito...
de saciar sua fome de mundo!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Enjôo de Amor?

Enjôo do amor. Enjôo daquela coisa amor.
Não do amor em si, nem de amar, mas de se falar, discutir, filosofar amor.
O amor da vida não se expressa apenas no amor do oposto. O amor da vida tá ali, posto, exposto, cru, curado. Tem amor desde que nasce, amor no que se faz, e principalmente amor no que não se faz.
Amor em ficar deitada, nua, olhando pro céu, em uma janela de estrelas, tragando o último cigarro do maço amassado. Amor em escrever cartas que nunca serão enviadas, mas que expõe em palavras, pequenos sentimentos de raiva e desespero. Amor em se emocionar ao ver algo que machuca, algo que dói, e aquilo que é a certeza de que não mudará. O amor da vida de chorar uma música besta e infantil, de rir com a música mais bem preparada e produzida.
É o enjôo de chorar pitangas cada coração partido, de sorrir luas e estrelas a cada coração curado.
Mas não enjôo de amar, de dizer-se amada, de amar ele, aquele, esse, o meu, ele.
Mas é que o amor é muito mais que um "amor".

É abrir os olhos, é criar um gato, é tomar sorvete, engasgar com água. Ver um filme, escutar uma música deitada na grama, tomar um tombo no mar.
Amor é bom dia com hálito amanhecido, risada envergonhada, palavras eróticas no ouvido.
Amor é briga com família pela batata-frita, é carregar no colo o filho da sua amiga.
Amor é mais do que amor. Amor é solidão, é companhia, e raiva consigo mesma, e vaidade na frente do espelho.
Brigadeiro em dia de chuva, e queijo quente na padaria.
Amor é acima de tudo, o café após o almoço, aquele que acorda, que desperta, esquenta, e mesmo fazendo mal em excesso, são os minutos de felicidade que ninguém pode tirar de si mesma.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A ilusão dá um tabefe no rosto novamente.
Ela sabe que tudo segue seu caminho, da maneira mais cruel ou mais amorosa.
Que se uma porta fecha aqui, talvez, quem saiba, uma janela se abrirá lá na frente.
Ela sabe que vai doer bastante, vai cortar a carne, arrancar qualquer esperança e sentimento lá de dentro da maneira mais bruta que pode existir.
Ela já viveu isso antes. Cinco vezes antes.
Mas ela sabe que vai doer, e que o corpo se acostumará com a dor.
Sabe que o cérebro vai lembrar dos planos (nunca feitos), lembrar do gosto, do cheiro, do toque.
Ela sabe que irá doer, mas é só no começo, logo logo passa.
Não se preocupe, ela está vacinada e não morre tão cedo por amor.
Ela irá se acostumar consigo mesma: livre, solta, desapegada, racional,
uma mulher de e para si!

(Notas de um Exílio)