segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cinema;

Eles entram em reunião, e eu continuo aqui. Morta.
Não tão morta quanto eu gostaria. A dor no estômago é mais forte;
ela me corta ao meio, assim como o calafrio na minha pele.
Levanto-me e vou até o café. Não tem, é claro. Além de segunda-feira, de coração partido, de noite mal dormida, e uma cólica, fruto de uma não gravidez...
... Está frio dentro de mim, e claro, não tem café.
As pessoas não enxergam, observam apenas seus mundos, suas atividades e rotinas, os amigos te ligam ou te dão bom-dia para dizer apenas, como foi bom o fim-de-semana, ou como são tristes ex relacionamentos.
E falam, falam, falam. E ninguém ouve. Ninguém se propõe a ouvir.
E eu ouço. Olho nos olhos, e ouço. Mas não entendo. Não me pergunte o nome da banda que ele viu na sexta, eu na verdade, também não entendo.
Levo minha mão de unhas vermelhas até a bolsa, e procuro o celular por entre os papéis e maços de cigarros, nenhuma ligação. nenhuma mensagem. ninguém.
E decido sair, vou almoçar, alguma hora. E depois vou ao cinema, sozinha.
Tentar ver aquele filme que ele viu com os pais. Ou aquele que ele viu em casa.
Vou ao cinema. Outro fruto de uma solidão que é somente minha.
A solidão já me basta em casa. Já me basta na rua. Já me basta nas redes sociais.
Ontem decidi abandonar as redes sociais. Ninguém se importou. É compreensível.
São redes... sociais. Não são amigos, não são amores, são sociais.
Transfiro então minha solidão, nada social ao cinema. Sempre foi o cinema.

Todo o tempo. Fato.
Minhas três vezes ao cinema sozinha, foram mais profundas do que com qualquer outra pessoa.
E lá, eu me encontro. Morta. Sozinha.
Eu, minha solidão, e a pipoca com manteiga.

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