terça-feira, 2 de novembro de 2010

perna quebrada;

O Poeta me beijou os olhos. Meu rosto. Meus lábios e cabeça.
Me prometeu me amar. Prometeu cuidar de mim.
O Poeta acreditou na minha arte. Me levou pra casa, e ouviu absurdos da minha mãe.
Superou nossa diferença de idade. Me buscou na escola. Me ensinou literatura.
O Poeta me apresentou sua filha. E eu brinquei de boneca mais uma vez.
Não tirou foto de mim. Me queria inteira, em sua memória, em seus sonhos.
O Poeta me respeitou quando eu disse que já tinha alguém.
E me amou intensamente quando larguei tudo por ele.
O Poeta me trouxe rosas. Roubadas. E me levou para ver um filme.
E fomos tomar sorvete. Eu, ele e a filha. E ouviu absurdos, do sorveteiro.
O Poeta chorou, quando eu parti para outro país.
Me escreveu cartas de amor. Juras e promessas.
O Poeta encontrou uma bibliotecária. Que cuidou de seus textos.
Ela cuidou dele, cuidou da sua filha. Ela era dele, e ele não era mais meu.
O Poeta me viu uma última vez. Eu estava de cabelo curto, e de volta.
Ele estava com a perna quebrada, e não escrevia mais.

Um comentário:

Marta Pinheiro disse...

que gente preconceituosa. (?)