domingo, 23 de janeiro de 2011

enchente

- Cada pingo caía lentamente sobre o asfalto. Nos olhos, cada gota era uma dor desenterrada pela chuva que devastava tudo. Nos olhos, as lágrimas caíam em uma velocidade superior à chuva. Ele dizia: não me enche o saco, não fala comigo. Ela ouvia: não sei se te amo, não sei se posso amar. Os dois sentiam em seu coração, que aquela chuva que um dia selou o amor com um beijo molhado e intenso, era agora uma chuva fria, que afogava qualquer sentimento restante...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

- Não me fales de amor, enquanto há pessoas morrendo lá fora. Não fale de carinhos, nem de Deus, enquanto pessoas se matam por dinheiro. Não me fale de você, não fale de mim.
Falaremos do mundo e da política, um dia, quando houver paz, talvez eu me lembre que tive um coração.

- Isso é poético... e egoísta.

- Eu sei, o mundo é injusto e egoísta. Quando se esqueceres de lembrar só de você e do amor, acordaremos o mundo.

(notas de um exílio)

Para Guilherme!

É melodia na minha alma.
Me completa, me alegra, me ilumina.
Somos dois em um.
Somos amores, e somos diferenças.
Somos paciência para acalmar nossa impaciência.
Sou nele.
Ele em mim.
Somos uma música cantada em dupla, eterna, viva...
apaixonada!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

pedido

Ela caminha pisando em falso. Lento e rápido ao mesmo tempo. Pisa nas poças como se pisa em corações, com força, com temor, com raiva.
- Não, não quero falar com você agora! Não me venha com desculpas, não me venha com presentes, não me faça promessas, não me ame.

Ele caminha caindo pelas ruas e calçadas. Tropeça em cada quarteirão e em cada par de pernas que encontra. Em uma mão, uma latinha. Na outra, um cigarro já molhado. No bolso carrega o pacote amassado, uma carteira sem dinheiro e o celular. Nos olhos, carrega o desespero e a ansiedade de chegar mais cedo em casa. Assovia uma música.
- Livre... pra voar... lê lê lê... prometo... carinho... lê lê lêêê.

Ela acorda e vai fazer café. Ele já foi comprar pão. Sentam-se um em frente ao outro. Ela ri e o beija. Ele a olha com cara de culpado e pergunta:
- Te prometi ontem a noite, não? Você está tão feliz...
Ela então, tomando um gole de café e lembrando-se da briga e da reconciliação depois, responde rindo:
- Se fudeu mané! Vai ter que cumprir! Já liguei pra minha mãe e pras minhas tias.

Ela ri e o beija na testa.
Ele abaixa a cabeça e a sente dilatar.
- Bebida é uma merda mesmo!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Diversão e último gole

Ela era uma menina muito bonitinha. Alegre, ele a achava perfeita. Queria entender como podia, uma garota gostar tanto de futebol assim como ele. Ela era um tanto sorridente, mas indecisa nas escolhas. De tanto divertir os rapazes, esqueceu-se de divertir a si mesma.
E um dia foi ter com a sorte uma partida, uma diversão. A menina já conhecia o garoto, e ele era um tanto quanto ela de engraçadinho.
Deu presentes, que esta recusou. Ofereceu flores, que ela, por respeito (a quem não se sabe) aceitou. E assim, de presentes, chocolates, danças, viagens, bebidas e beijos, ela o divertiu, sem deixa-lo a divertir.
Caso foi que a sorte resolveu ter com ela uma outra vez. Embaralhou as cartas e jogou na mesa os naipes do destino. Ela era tão engraçadinha que o amor dele não a fez perceber a indecisão que tomava a alma da menina. Pois, de bonita e engraçada, perfeita e indecisa, ela tinha um mesmo tanto de medrosa.
E então, a um ponto de ganhar a partida, como a sorte a deixava, a garota deu uma de desentendida. Levantou-se da mesa, tomou sua dose (aquela de tequila) e acabou ali, com o jogo. Perdeu para e a própria sorte. Esta última, triste, foi embora amaldiçoando a possibilidade que um dia deu, de mão beijada, a uma garota medrosa... de ser feliz. E ele, assistiu a tudo de camarote, gritou à sorte que de seu lado nunca saia, para voltar à garota.
Mas a sorte não quis saber. deixou assim, a menina ser bonita como queria, um tanto engraçadinha, que passou seus dias a divertir os rapazes por quem ela nem conhecia.
Quanto a ele, anda a procurar, junto a sorte ao seu lado, outros sorrisos engraçados, que não fogem mais após o primeiro gole!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pobre daqueles que...

E toda vez que vier, e me machucar. Correrei. Fugirei.
Pobre daqueles que tentam me tirar de ti. Pobre daqueles que nos afastam.
E se arranjar alguém, não verei mais problema, não verei mais nada.
Chorarei, suplicarei perdões e afastarei possíveis amores.
Se amar outro alguém, não me abaixarei. Direi a todos o quanto te amei.
Eu gritaria a todos das noites quentes
e também das noites frias.
Pagaria para que te roubassem um vintém,
só pra mim vir pedir algo pra ela, um presente você comprar.
E toda vez que me virar as costas e for embora,
tentarei te explicar que o caminho que segue é diferente ao meu.
Te mostrarei que sua distância é pequena para chegar a mim.
E se caso um dia, me esquecer. Será da boca dos seus amigos, que noticias eu terei.
Atravessarei a rua, para não impedir seus passo para um outro alguém.
E toda vez que se o seu olhar cruzar ao meu, não vou disfarçar.
Chegarei bem perto de ti, pegarei seu rosto, e com um beijo puro e simples,
suas lágrimas eu secarei.
Mas pobre daqueles que tentam me tirar de ti. Pobre daqueles ...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011



Ele me faz esquecer dos dias em que a chuva me trouxe tristeza. Me faz esquecer que o calor do sol é só algo quente na pele quando se está sozinha, mas que pode aquecer em qualquer madrugada. Ele me lembra que o brilho de um sorriso pode ser em um simples beijo na chuva mais gelada....
Ele me faz esquecer de dias cinzas. E me lembra de fiar sempre atenta.
Com ele sei que não serão só sorrisos, não serão apenas alegrias, mas sei também que com ele seremos realidade. Puros, inteiros, completos. Seremos sorrisos quando forem alegres, e seremos lágrimas quando forem tristes. Podemos cair e nos levantar, e também podemos brigar e nos reconciliar.
Mas acima de tudo, e o que possa nos trazer dúvidas, ele me faz esquecer do que há de mal no mundo. E me faz lembrar do amor, do respeito e da confiança que só nós sabemos como cuidar... e nos amar.
Ele me lembra o sol, e me lembra a chuva. Ele me completa, me toca, me sente. E em cada toque dele... o arrepio na minha pele me faz lembrar que um dia eu sempre quis ser assim, tocada, amada, amar.