segunda-feira, 8 de agosto de 2011

quero - quero



Me delicio em aventuras não amorosas. E quero o doce do amargo do desprazer. Quero sentir em mim o velho vento sobre os cabelos e não quero mais parecer uma adolescente que sonha com o impossível.

Quero, quero e quero. Quero como uma criança que quer porque quer, porque não há motivo no querer, no desejar, no sentir. Quero o que for colorido, e quero conseguir o mais brilhante de todos os confetes. Quero, quero e quero mais. Não desejo o verde do campo e o aroma de falsa liberdade. Poucos são os que sabem que no campo temos que limpar a sujeira das vacas e dos porcos. Quero o aroma sujo das ruas cinzentas da cidade, e o fresco do cheiro do mar nos finais de semana. Quero o caos do submundo das luzes e a loucura dos copos em mãos que equilibram a bebida e o cigarro. 

Mas quero também o doce perfume do sabonete em minha pele na manhã de sol, regada a ressaca e óculos escuros. Quero o sorriso sincero dos amigos, e a lágrima dos esquecidos. Quero pintar as unhas de todas as cores e borra-las na lama do quintal atrás dos bichos. Quero meu tênis mais sujo pisando na grama do campo no feriado, e um gosto estranho ao comer fruta estragada tirada no pé da chácara. Quero a insensatez, quero o não desperdício, quero os sonhos, dormir no colo dos pais. Quero as brigas e quero o sexo da reconciliação. Me deliciar em braços nunca conhecidos, encher meu pulmão de ar e gritar mais alto que todos, e xingar, quero xingar mais que tudo quando há uma injustiça nas ruas ou no estádio de futebol. Quero o prazer de andar descalça na areia e a dor ao pisar em uma concha. 

Quero o tato, quando encontrar o atrito de dois corpos. Quero o olfato quando entrar em uma cozinha banhada em café. Quero a audição, quando acordar com a minha música favorita. Quero o paladar, quando as mãos já não forem mais necessárias para sentir o gosto de alguém. E antes de tudo, quero a visão, para me lembrar da minha infância, me deliciar na juventude e visualizar a velhice.

Um comentário:

, disse...

Lígia

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol

E quando eu lhe telefonei, desliguei foi engano
O seu nome não sei
Esquecí no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer, não ... Lígia Lígia

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendí com você
É ... Lígia Lígia

Você se aproxima de mim
Com esses modos estranhos e eu digo que sim
Mas teus olhos castanhos
Me metem mais medo que um dia de sol
É... Lígia Lígia