terça-feira, 17 de janeiro de 2012

dois mil e oito;



Eu poderia ter feito minha unha hoje. Poderia ter lido um livro, ter escrito um texto, poderia ter escutado qualquer música. Mas resolvi me lembrar de coisas que só fazem doer a alma.
É que o ano de dois mil e oito foi crucial no futuro que estou vivendo. O mundo de merda, na cidade cheia de lixo que vivo. E a indiferença é a pior dor que pode acontecer a um ser humano. A indiferença perante as injustiças, perante o amor que carregamos dentro de nós é o pior castigo, a pior cruz que podemos carregar nas costas.

Há um prazer gigantesco no ser humano em ver o outro sofrer né? Como se quem vê o outro sofrendo nunca tivesse passado por uma dor. Depois ninguém entende porque as pessoas bebem, porque as pessoas usam drogas, porque as pessoas entram em depressão. Só faltam rir da dor dos outros, e parece que dor não tem memória né? Você sente dor num dia, no outro faz doer a carne, o sangue, o músculo debaixo da pele. É um prazer que sorrisos maliciosos na cara deixam claro o sadismo do ser humano em ver outro sofrer. é isso.
E aí eu falo, falo, falo do ser humano, mas o mundo é uma bosta. Grande. Que fede. Você machuca, eu machuco, todo mundo sai dolorido dessa merda toda. Dessa cidade cinza.
Já dizia muito bem Criolo, “não existe amor em sp”. Não existe mesmo. E não pago pra ninguém provar.

Eu acendo um cigarro, e meu cinzeiro na janela está cheio de água por causa da chuva na cidade. Assim é mais fácil, apaga tudo facilmente. Queria uma máquina para apagar tudo de uma vez. Eu deito e não esqueço, sofro sozinha perante minha inutilidade nesse mundo. Saio pra beber uma cerveja, ninguém quer saber de educação. Educação pra quê? Sorrisos para que? Amor pra quem? É uma dor que se sustenta por anos, e ninguém um dia irá entender o que é saudade, ninguém um dia irá entender o que é a falta de alguém que está vivo e passa reto por você como se você não existisse. Ninguém irá entender a dor que não te deixa dormir a noite. Porque o peito dói. O coração dói. A cabeça dói. A alma dói.

É que o ano de dois mil e oito foi crucial para o futuro que estou vivendo. Um futuro presente na dor de todos os dias. Um presente que não enxerga um futuro melhor. É que dói.
E posso sair de fim-de-semana, e esquecer por horas a dor. Posso não mencionar seu nome por uma semana ou duas. Mas a realidade sempre te encontra. Então pego minha xicara de café, alimento um pouco mais minha gastrite nervosa, quem sabe ela não me tira desse mundo egoísta, desse mundo de dor, desse mundo de injustiça.

Na verdade, acho que Criolo estava errado, não existe amor em sp... não existe amor no mundo. É isso, não existe, nada, não há sentido em nada. Enquanto ninguém se levantar e se dar conta de que tudo está de ponta cabeça e errado, não existe nada. Quem me dera nós não existíssemos. Se você não existisse, talvez não doesse tanto. Mas se você não existisse, eu não estaria aqui. É isso, feche as portas. Feche os olhos. O mundo não merece as palavras dos poetas entorpecidos de esperança, entorpecidos de amor. Mesmo porque, amor não existe.
Essa dor é psicológica. Essa dor nunca passará enquanto a cabeça não acreditar que você não existe. Nada existe. É isso. Nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dois mil e oito no primeiro ou segundo semestre?

Carol disse...

O ano inteiro!